terça-feira, 2 de agosto de 2011

CAFÉ AMARGO




Todos os dias pela manhã a cena se repetia.
Munida de uma xícara de café quentinho, acompanhava o esposo até o portão, e após abençoá-lo e abraçá-lo, ficava acenando até ele desaparecer ao longo da estrada de chão batido a caminho do trabalho.
Apreciava aquele café doce e saboroso e posteriormente entrava para a humilde casinha de madeira para cuidar de seus afazeres.
O tempo foi passando, vieram os filhos e, a vida seguia prazerosa como aquela xícara de café matinal.
Os filhos cresceram se casaram e foram constituir família em outras bandas.
Sua rotina continuava a mesma, apreciava seu café quentinho e saboroso no portão da casa, mas perdera um pouco a doçura, afinal, sentia muitas saudades dos filhos.
O esposo, idoso, estava acamado e perdendo a batalha contra a doença que aparecera repentinamente.
Ela dedicava-se diuturnamente aos serviços da casa e aos cuidados com seu amor, nunca deixando transparecer a dor e o sofrimento que carregava dentro do seu coração, por vê-lo nessa situação.
Continuava apreciando o café no portão, mas percebeu que sua doçura já não era a mesma.
Agora, o asfalto e a modernidade chegaram ao bairro e, as casas da vizinhança são suntuosas com carros modernos na garagem.
Sua casinha de madeira continua como há cinqüenta anos, e ela costumeiramente vem ao portão tomar sua xícara de café matinal.
O esposo se foi!
Ela, além da solidão ainda tem que conviver com as marcas do tempo e as dores em seu corpo surrado.
Diariamente no portão, com a xícara de café quentinho nas mãos, acompanha o movimento dos carros e das pessoas que caminham pela rua, mas não consegue mais encontrar doçura alguma.
O café ficou amargo!

Essa é a pérola do dia.
Pense nisso!
Twitter @alcirchiari


11 comentários:

  1. Nossa pai, que história triste :(
    Eu espero que o meu café seja sempre doce hehe

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  2. Essa matéria está na Folha de Londrina, folha 2, espaço CRÔNICA de hoje 03/08...CAFÉ AMARGO

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  3. Parabéns Alcir....acabei de ler o jornal e vi seu nome lá...Ótima matéria. Esse espaço crônicas é muito bacana, acompanho semanalmente!!!

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  4. Eu tbm vi a pérola no CRÔNICAS!!!
    Parabéns Alcir, uma melhor que a outra!
    Abs

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  5. A vida é assim, muitas vezes a doçura vai indo embora aos poucos...........

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  6. Bem, esta crônica nos revela uma história de vida pacata, com momentos felizes e momentos tristes. Vida real. Mas, o que é legal mesmo é o cafezinho sendo tomado todo dia.

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  7. È...
    Hoje, a xicara esta abandonada no armário.
    O portão foi substituido por grade.
    Ja não acompanha o esposo até o portão.
    Às vezes faz o café e sai primeiro que ele!!
    A visão panoramica só dos aranha ceu.
    Os filhos realmente se foram e só se comunicam via telefone.
    As dores estão ai... é uma realidade!!!
    E como agravante o coração já não bate e nem tem o mesmo ritmo e força do passado.
    O que ajuda é aquele dinheirinho da aposentadoria e mais a pensão do marido que somados dá pra fazer o malabarismo para comprar os tão necessários remédios da pressão arterial e do coração e ainda pagar as despesas da casa.
    Sim...
    O café ficou amargo!
    La se foi o romantismo e a poesia de outros tempos.
    Mas não tão amargo que não dê para continuar tomando e se deliciando com as recordações do passado e tendo a certeza de que tudo foi muito bem feito.
    Afinal...
    Os grandes feitos de seus filhos estão ai para todos verem.
    E pessoal...
    Se pensarmos um pouco vamos chegar a conclusão que a figura feminina da crônica do Alcir continua lá, muitas vezes esperando por nós, basta desacelerarmos um pouquinho e passarmos para saborear o gostoso café.
    Talvez não vamos encontrar as mesmas pessoas, mas ela com certeza estara no portão!!

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  8. Realmente as vezes a doçura vai se embora....

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  9. A doçura vai embora mesmo, e fica só amargo...
    Falta de amor ao proximo, egoismo, pensar em si proprio, fazer nada pelo proximo e o pouco que vir a fazer achar muito
    falta muito amor ao proximo
    O mundo está egoista demais
    espero na velhice meu cafe ficar meio amargo somente.

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  10. Achei triste o final da história...ela devia ter lutado para as coisas melhorarem, para acompanhar as mudanças...=(

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  11. fuzilaska@hotmail.com7 de agosto de 2011 às 21:40

    concordo plenamente com a a stephanie,e cito mais, cultivar os filhos para que voltem mais vezes, ter amigos por perto, tudo isso é garantia de qualidade de vida!

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