sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013



MALA SEM ALÇA


Entre lágrimas e condolências os parentes e amigos relembravam as alegrias e o legado deixado pelo, agora falecido, velado no salão principal da casa mortuária.
O calor era insuportável e a aglomeração das pessoas proporcionava uma sensação estafante.
- A luta foi grande, mas a doença se mostrou implacável e acabou vencendo a batalha. – Comentavam os presentes.
- Realmente ele partiu muito cedo. – Sussurrou em prantos uma jovem.
O público era diversificado e o sentimento de tristeza.
Rapazes, moças bonitas e bem vestidas, crianças, casais, mulheres e homens desacompanhados, idosos, autoridades, políticos, enfim, a sociedade toda representada.
Todos marcando presença para o último Adeus de corpo presente.
Um grupo de senhoras rezava o terço num espaço reservado, deixando o ambiente um pouco mais religioso, minimizando a dor e ajudando no conformismo das pessoas.
Entre os presentes, um jovem rapaz acompanhava um amigo que demonstrava grande abatimento pela perda.
Obviamente que num velório, ninguém em sã consciência tenha outro sentimento que não seja de comoção e tristeza.
Ele, no entanto, não se sentia assim, pois mal conhecia o falecido. Estava ali como companhia e muito impressionado com a beleza e a elegância das moças.
Uma em especial lhe chamou muito a atenção: - loira, alta, magra e muito bonita, um verdadeiro exemplar de beleza da mulher brasileira.
Indiscreto e deselegante simplesmente não tirava os olhos da moça.
Percebendo o assédio visual, ela simplesmente posicionou-se de costas demonstrando total insatisfação com aquela inconveniência.
Ele não se intimidou, atrevido, aproximou-se da moça para se apresentar e tentar um primeiro contato.
Ao ser abordada, ela manteve a elegância e educação, entretanto, a expressão em seu rosto foi suficiente para provocar uma “pane” no jovem rapaz.
Suas pernas bambearam, a respiração ficou ofegante, o suor escorreu pelo rosto, o raciocínio ficou lento, não sabia o que dizer. Gaguejando, soltou a primeira frase que lhe veio à mente:
- Você vem sempre aqui?


Essa é a pérola do dia.
Pense nisso!
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