quarta-feira, 31 de agosto de 2011

RIDICO



Toca a sirene anunciando o intervalo  entre as aulas; é hora do recreio, hora do  lanche.
No pátio da escola muitas crianças saem em disparada; algumas para a fila da merenda, outras para os brinquedos e trocas de figurinhas e a maioria se acomoda nos bancos do jardim para apreciar o lanchinho que a mamãe mandou com tanto carinho.
A expectativa ao abrir a própria lancheira só não é maior que a curiosidade em saber o que tem na lancheira do amigo. É o grande momento do recreio.
Tradicionalmente ocorre a troca de partes do “lanche” ou do suco, pois parece que o lanche do amiguinho está sempre mais saboroso e atrativo:
·         Me dá um pedaço do seu bolo, disse Juninho.
·         Não!
·         Te dou uma bolachinha em troca
·         Não! Hummmm tá muito bom!
·         Nossa como você é ridico, e ainda fica fazendo gula.
·         Não estou ridicando não Juninho, é que não gosto dessas bolachinhas que você trouxe e realmente meu bolo está muito bom, hummmm!
·         Mas poderia me dar um pedaço do bolo porque eu estou com vontade.
·         Não!
·         Tudo bem, você fica ridicando, não quero mais mesmo - deu de ombros!
Em silêncio os amiguinhos tomaram o lanche; minutos depois, Juninho tira algumas moedas do bolso e vai até a lanchonete. Compra um sorvete e vem abrir perto do amigo que acabara de negar o pedaço do bolo.
Calmamente retira o papel que o protege, mostra e oferece para o amigo:
·         Quer um “teco”, um pedaço?
·         O amiguinho engole seco, o sorvete parece estar saboroso
·         Aceito!
·         Juninho passa a língua por toda a extensão do sorvete, lambuzando-o de saliva e estende a mão em direção ao amigo.
·         Tome, pegue um pedaço.
·         Agora não quero mais, você lambeu o sorvete todo, que nojo.
·         Você é muito nojento Juninho!
·         Posso ser nojento, mas pelo menos não sou ridico.
Essa é a pérola do dia.
Pense nisso!
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domingo, 28 de agosto de 2011

VIAJANTE DO TEMPO



O dia mal, melhor dizendo, bem começou e fico na expectativa que os ponteiros do relógio saiam da sua rotina compassada e acelerem para que logo anoiteça.
A melhor parte é voltar para casa e correr ao seu encontro, percebo que te quero cada vez mais.
Fico na expectativa do que tenhas para me oferecer nessa noite: tristezas, alegrias, derrotas, vitórias, aventuras, enfim, emoções!
Venha o que vier, em sua companhia estou pronto para tudo; viajar através do tempo, ficar um período por lá e, enquanto isso a cidade dorme.
Não me importo com o que os outros pensam ou acham de mim, ou se me julgam e até condenam pela minha dedicação a você, mas sua companhia me faz muito bem.
Sinto que estou evoluindo com nossa relação, estou mais criativo e motivado, minha imaginação está mais fértil, e consigo imaginar milhões de coisas possíveis e impossíveis em frações de segundos.
Somos cúmplices, ninguém vai nos separar, nosso relacionamento esta sendo construído com base sólida e avançando degrau a degrau para uma felicidade eterna.
Junto com você eu me aventuro, me divirto, choro, me emociono, reflito e não quero mais voltar, mas é preciso, me despeço e volto, está tudo no lugar!
Deslizo minha mão carinhosamente por toda sua extensão e percebo a perfeição, te aperto contra o peito, meu abraço é longo, reflito sobre tudo o que acabamos de vivenciar, realmente foi muito prazeroso e emocionante, enxugo as lágrimas.
Não me canso de dizer o quanto gosto de você, o quanto me faz bem, me realizo na simplicidade do nosso relacionamento.
Sinto muito, está muito tarde, já é hora de dormir, adentramos à madrugada e logo o dia vai clarear. Bem cedo tenho que ir trabalhar, mas já estou cheio de expectativas para o próximo anoitecer e novamente nos reencontrarmos.
Boa noite meu amigo e fiel companheiro, obrigado por mais essa viagem no tempo, agora vou deixá-lo aqui bem guardado.
Apago a luz do abajur, guardo o livro na gaveta do criado-mudo, encosto minha cabeça no travesseiro e adormeço rapidamente.

Essa é a pérola do dia.
Pense nisso!
Twitter @alcirchiari

quinta-feira, 25 de agosto de 2011

DESABAFO



 - Desanimado?
- Também pudera ta dando tudo errado: notas ruins, fiquei de exame, não entendo essa matéria, to com dor de cabeça, minha mãe pegando no meu pé e a namorada brigou comigo!
- Dar uma saidinha pra espairecer?
- To sem carro e sem dinheiro!
- Fazer uma caminhada ou andar de bicicleta?
- Ta de brincadeira né, to mais pra encher a cara de cerveja e fumar!
- Você fuma?
- Não, mas bem que da vontade, já que to ferrado mesmo!
- Comer alguma coisa?
- Só de pensar, minha taxa de colesterol sobe, parece que tudo que gosto faz mal pra saúde!
- Tomar um suquinho?
- To sem vontade!
- Água?
- Nem cede!
- Assistir televisão?
- Aí piorou, não tem nada que presta nesse horário!
- Ler um livro?
- Já disse que estou com dor de cabeça!
- Twittar?
- Poucos caracteres pra tudo que eu quero escrever!
- Ligar pra um amigo?
- Não tenho nenhum que valha a pena nesse momento!
- Ir ao cinema?
- Já disse que to sem dinheiro!
- Tirar uma soneca?
- To sem sono!
- Um bom banho então?
- Preguiça!
- Pqp, que cara chato, tem que se ferrar mesmo, nada ta bom pra você o Mané?
- Chiiii, desabafou, melhor sair da frente desse espelho!

Essa é a pérola do dia.
Pense nisso!
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terça-feira, 23 de agosto de 2011

PELA DOR



Constantemente vemos pessoas se lamentando pela falta de sucesso e sorte na vida profissional e pessoal.
Vale lembrar que as lamentações espantam a boa sorte!
Indignadas com os insucessos sucessivos, procuram sempre associá-los a alguém; a um “irmão” mais próximo.
Atribuir a terceiros, parte ou totalidade da culpa, é apenas uma forma de mascarar a realidade dos fatos.
Vale a pena perguntar:
·         Quem lamenta, está acordando bem cedo para ir trabalhar, para buscar um trabalho digno, está ocupando seu tempo com atitudes produtivas, buscando relacionamentos e amizades que agregam positivamente, está andando uma milha a mais na busca incessante do sucesso, está mudando comportamentos, adquirindo novos e saudáveis hábitos, está mais respeitoso e amável com familiares e terceiros?
Provavelmente não!
Acomodou-se na preguiça e no desinteresse em aprender e agregar algo a mais para sua vida, a buscar novos desafios, a batalhar pelo pão de cada dia, a abandonar os vícios, a mudar de companhias, a tornar-se mais amável e compreensível, a ser mais pacífico(a), a preocupar-se com os pais (sendo bíblico, no quarto mandamento: “Honra teu pai e tua mãe, para que se prolonguem os seus dias na terra, que o senhor teu Deus te dá” Ex 20-12).
Ora, atitudes iguais geram resultados iguais!
Se a mudança de comportamento não vier por amor, virá pela dor.
Ao invés de ficar se lamentando e atribuindo à sociedade, aos familiares e inclusive a Deus seus insucessos, é melhor parar e refletir:
·         Todas as adversidades que estão acontecendo em sua vida são responsabilidades de quem?
·         Sua ou dos outros?
Chegou o momento da mudança, lembre-se que está escrito: “se não vem pelo amor, vem pela dor” (Deuteronômio 4:30).

Essa é a pérola do dia.
Pense nisso!
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sábado, 20 de agosto de 2011

O MESTRE NÃO ESTÁ NU



 Em meio ao vapor, alguns freqüentadores da sauna fazem a barba e se refrescam com a água da mangueirinha.
Ao mesmo tempo, a usam para desembaçar o vidro que separa esse ambiente ao da sala de descanso, no intuito de assistir o futebol que está na tela da televisão.
Outro grupo mergulhado até o pescoço na hidromassagem acabou de se refrescar na grande ducha gelada.
Alguns conversam hipocrisias; outros, devaneios e a grande maioria, notícias do cotidiano.
Estão todos nus.
O cheiro de perfume vem de alguma loção pós barba ou desodorante que acabaram de borrifar nas axilas; esses, já estão se vestindo para sair do ambiente e, provavelmente irão em direção à lanchonete, mais precisamente na mesa da língua preta, onde continuarão a prosa que se iniciou na sauna seca.
Em meio ao tumulto, conversas e toda movimentação desse “ambiente de sauna”, um dos freqüentadores se destaca.
Descansando na esteira da sala de descanso, um verdadeiro divã, vai devorando páginas e páginas de mais um livro, enquanto se distrai fazendo rolinhos nos cabelos, uma forma particular de se concentrar e participar ativamente da história contada pelo autor.
Um sujeito que tem mais cultura do que cabe nele, erudito, como diria Millôr Fernandes.
Mestre das letras, intelectual, filosófico, culto, hábil e prudente com as palavras escritas e faladas, vai assumindo a posição do personagem principal na história.
Montado sobre o cavalo e vestido com sua armadura, o mestre das letras não está nu, é o líder do exército.
A batalha irá começar, o inimigo está do outro lado...
·         Mestre, Carmelo, Carmelo, deixa um pouco esse livro homem, vamos para a lanchonete!

Essa é a pérola do dia.
Pense nisso!
Twitter @alcirchiari