DESTINO INDEFINIDO

 As dores nas articulações e o desgaste dos sapatos dois números acima do seu, faziam com que os passos fossem lentos e descompassados.

Não precisava ter pressa, mas era importante a caminhada.

O deslocamento do ar provocado pelos caminhões em alta velocidade arrancava o boné da cabeça e serviam para alertá-lo que estava muito próximo da estrada, era importante ficar à direita, mais próximo do barranco e em segurança.

O sol era escaldante e o suor escorria pelo rosto provocando coceira na barba; a camisa estava ensopada, mas sua vaidade não permitia tirar o paletó que a sobrepunha.

A calça maior que seu manequim era segura por um barbante, e o conjunto da obra era de cor acinzentada, pela mistura de suor, sujeira e poluição.

Exalava forte cheiro de suor e de bebida alcoólica. Banho somente quando encontrava alguma bica d'água que brotava das pedras à beira da estrada.

A garganta secava constantemente e, nesse momento chupava uma das partes do limão que fora cortado em quatro e em seguida um bom gole de cachaça.

Quando sentia fome, cortava um pedaço de salame doado por alguma alma bondosa. Pedaço que ficava girando dentro da boca banguela de um lado para o outro até ficar reduzido ao ponto de ser engolido.

• De onde vem?
• Para onde vai?
• Quem será esse vagabundo?
• Não sei se vem ou se vai
• Só sei que vem e vai!

Assim comentavam as pessoas por onde ele passava.

Solitário, também não sabia para onde estava indo, seu destino era indefinido, mas sabia que precisava ir, pois seu sonho estava no final dessa caminhada.

O sonho de um andarilho!

Essa é a pérola do dia.

Pense nisso!

Twitter @alcirchiari