RADIESTESISTA

Filho de Alemães veio com os pais ainda criança morar no Brasil após o final da II Guerra Mundial em 1945.

Aqui, aprendeu o ofício de mecânico e trabalhou junto com o pai no conserto de motores de caminhões.

Com o passar dos anos percebeu que sua aptidão não era para aquele ofício, seu sonho era o cultivo da terra, mas executava seu trabalho com dedicação e respeito.

Mentalizou esse sonho como seu principal objetivo, adquirir terras e cultivá-las e, trabalhou arduamente juntando todo dinheiro que pode.

Muitos anos depois, homem feito, seus pais vieram a falecer e ele percebeu que era o momento de ousar.

Vendeu a pequena oficina mecânica para definitivamente realizar seu sonho. O dinheiro era pouco, mas somado as suas economias, um pouco de sorte e sabedoria, poderia comprar um bom pedaço de terra.

Entre suas habilidades, aprendera com os pais e avós a encontrar água no solo através da captação de radiações com uso de varinhas e bastões; radiestesia (sensibilidade às radiações).

Perspicaz, procurou uma propriedade sem a presença de água a olhos nus, pois as propriedades cortadas por rios e riachos eram supervalorizadas e, suas economias não eram suficientes.

Pesquisou a região e encontrou a área desejada; pequena, com boa topografia e localização, mas apresentando um aspecto melancólico pela falta de água e a conseqüente ausência do verde na vegetação.

Nem plantações, nem pomares, nem criações, apenas uma simples casinha precisando de uma boa reforma.

Contatou com o proprietário, que por sua vez queria muito vender, mas valorizou a pequena propriedade ao extremo.

Após muita negociação entraram num acordo que a princípio pareceu vantajoso apenas ao proprietário, o Alemão se fez de bobo e deixou que ele saísse com essa impressão, percebendo um sorriso maroto estampado em seu rosto.

“Passei o Alemão para trás”, comentou às gargalhadas posteriormente com a esposa, o proprietário.

Alguns meses se passaram e o Alemão pôs em prática suas habilidades de radiestesista, com uma varinha na mão captou a radiação da água no solo e ali abriu um enorme poço.

A água brotava abundantemente, e através de sistemas de irrigação foi dando vida para a vegetação, pomares, plantações e diversificando a propriedade com criações de porcos, galinhas e algumas vaquinhas, mudando a paisagem da propriedade.

Agora, sentado na cadeira de balanço na varanda da bela casa, o Alemão tinha uma visão privilegiada de toda sua propriedade e sentia-se orgulhoso em ter transformado todo aquele cenário melancólico de abandono e improdutividade numa das mais belas e produtivas propriedades da região; um verdadeiro modelo.

Seu sorriso era o retrato do seu pensamento:

- Quem ri por último, ri melhor!

Essa é a pérola do dia.

Pense nisso!

Twitter @alcirchiari