“INCELENTE MARAVIA”

Descalço e chutando tudo o que havia pela frente, João Babão vinha caminhando pela rua, sempre próximo ao meio fio, mas nunca na calçada.

Sempre alegre e feliz, cantava e declamava versos de sua autoria que terminavam sempre no mesmo refrão:

·         Mano véio me dizia,

·         Incelente maravia.

Maltrapilho e com problemas mentais, vivia num mundo que era só seu, mas irradiava uma felicidade de fazer inveja a muita gente.

Tanto que, para zombar e sacanear com o “pobre”, embrulharam uma pedra num jornal e colocaram bem no seu caminho para ver se ele chutava e dessa forma testar sua debilidade.

Não deu outra!

Chutou, e saiu gemendo de dor saltitando num pé só, enquanto alguns inescrupulosos riam da desgraça alheia.

Saltitou por uns dois metros e em seguida começou a manquitolar, e em nenhum momento ofendeu ou fez xingamentos aos malfeitores que se manifestavam aos risos e gargalhadas.

Com a diminuição da dor, imediatamente voltou a cantarolar e declamar seus versos e canções como sempre terminando em:

·         Mano véio me dizia,

·         Incelente maravia.

A repreensão aos malfeitores veio por um idoso que passava pelo local naquele momento e presenciando a cena disse:

·         Vocês agrediram o rapaz com armações e zombarias, ele nada fez, apenas deu a outra face como Jesus um dia.

·         A vida já me ensinou muitas coisas e ensinará também a vocês que “todo nó chega ao pente”, aguardem e verão como isso é fato.

Isso sim é uma “excelente maravilha”.

Essa é a pérola do dia
Pense nisso!
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