Pontualmente, o apito da serraria soava alto avisando aquele povoado que já era hora de acordar, pois os ponteiros do relógio marcavam cinco horas.
Suas máquinas já estavam a funcionar, as chaminés das casas da colônia a fumacear e o aroma do café coado na hora tomava conta daquele lugar.
Era o raiar de mais um novo e longo dia.
Enquanto o fogão a lenha fumegava as panelas, o pão com manteiga e o café enchiam a barriga da garotada para mais uma jornada.
Numa das mãos a marmita enrolada no pano de prato branquinho e na outra a ferramenta de trabalho.
Foices, machados e serras formavam um conjunto harmonioso aos corpos em movimento e as conversas animadas da peãozada e dos capatazes que caminhavam em direção a mata que iria ser derrubada.
Mãos a obra!
Primeiro as foices a roçar, em seguida machados e serras manuais a cortar, ganchos a enleirar e o fogo para queimar.
Mais um pedaço de chão estava apto para plantar!
Árvores derrubadas, madeiras serradas, casas levantadas, colônia e cidades ampliadas.
Muita gente vinha chegando, aos poucos se instalando e novas frentes de trabalho se criando.
Enquanto as mudas de café eram afagadas nas covas bem preparadas, o barulho das matracas manuais que semeavam o feijão chegava a incomodar.
Naquele tempo o café era a cultura principal, mas o algodão já ganhava força e movimentava os trabalhadores, as oficinas, os bancos e o comércio.
Era tudo muito difícil, o trabalho era duro e penoso, o dinheiro muito curto, mas a compensação estava nos bailes de sábado à noite, animados pelos sanfoneiros e pelo povo que dançava até levantar poeira do chão.
Tempo bom, não volta mais!
Essa é a pérola do dia.
Pense nisso!
Twitter @alcirchiari
caro Alcir, sempre fico imaginando qual será o tema da próxima crônica, e novamente você me seurpreende.
ResponderExcluirTextos bem diferentes do que tem por ai.
PARABÉNS!
SURPREENDE ! desculpe.
ResponderExcluirBoa pérola! O triste é essa devastação que ocorre em ritmo acelerado.
ResponderExcluiré isso mesmo !
ResponderExcluirNós nos divertimos muito...mais lá no fundo não há mais nada
Boa matéria
Entrem no meu blog vinipiai.blogspot.com *
O contador de visitas de seu blog neste instante marca 3266 visitas, tenho certeza que um número expressivo desses visitantes ao ler sua pérola preciosa, assim como eu, se viu diante desses relatos como uma fita de um filme.
ResponderExcluirAté a foto que ilustra a crônica é a imagem que me vem a mente e que também mostra as recordações do passado.
A narrativa nos relata fatos onde tudo era inicio, principio das plantações, formação de roça, onde se acordava cedo, tomava o café e partia para as frentes de trabalho.
lembro que era um trabalho árduo, suado, mas nem por isso muitas vezes motivo de reclamações que tornavam a vida dificil.
Via-se nas pessoas, depois de um dia de trabalho, o cansaço, mas depois de tratar dos porcos no mangueirão, jogar milho para as galinhas, ai sim, um bom banho e na cozinha a mulher já estava esperando com a comida feita
no fogão a lenha, arroz branco, feijão com o caldo grosso, um bom pedaço de carne de porco retirado da lata de banha de 20 kgs. e requentado, uma verdura picada, polenta, etc... se sentia também prazer nas falas das pessoas quando se sentavam para o merecido descanço e contar do seu dia aos familiares.
Dizem que relembrar o passado é saudavel, querer vive-lo é que é trágico.
Mas ai, como o mundo e tudo o que nele existe passa por mudança, evolui, se transforma, a nós simples mortais só nos resta ficar com a lembrança boa desse passado e com o apreendizado adquirido.
Pois, assim ja dizia MAHATMA GANDHI:
"Se quisermos progredir, não devemos repetir a história, mas fazer uma história nova. "