O garoto com apenas dez anos de idade já era um “homenzinho” responsável, acordava às cinco horas da manhã com o aviso do rei do terreiro que acabara de cantar informando a todo galinheiro que o dia já ia clarear.
Trocava-se e tomava café rapidamente, em seguida ia buscar o burro no pasto. Escovava e selava com carinho o companheiro de viagem, sem nunca se esquecer de prender firmemente o alforje na sela.
Chegava junto com o encarregado do posto de correspondências (correios) e imediatamente separava e guardava cuidadosamente as cartas no alforje.
A viagem era longa e o sol esquentava rapidamente; mais de vinte quilômetros de terra batida contornando morros e vislumbrando com paisagens cinematográficas nas terras de Minas Gerais. Mais do que correspondências, o estafeta carregava esperanças, saudades, felicidade e amor. Algumas tristezas e desilusões também, mas em proporção bem menor.
A viagem foi cansativa e o sol estava a pino, mas felizmente correu tudo bem.
Apeou do amigo asno, fez-lhe um carinho e adentrou no posto dos correios da cidadezinha.
Uma linda moça, bem vestida e perfumada esperava ansiosa a chegada das correspondências.
O encarregado separou rapidamente as cartas e identificou uma que estava endereçada a ela, o sorriso lindo de dentes muito brancos realçou ainda mais a sua beleza.
Trêmula, abriu imediatamente a carta ali mesmo e sem cerimônias, a cada linha que seus olhos percorriam era evidente a emoção em seu semblante.
Saltitante e gritando de alegria, disse:
· Ele arrumou emprego, vamos nos casar, ele me ama, ele me ama, ele me ama!
Deu as mãos ao pequeno estafeta e girou com ele no ar, cantarolando, sorrindo e gritando de alegria. Em seguida deu-lhe um beijo carinhoso e acariciou seu cabelo:
· Você trouxe a melhor notícia da minha vida, você é o estafeta do amor!
O garoto ficou surpreso com tanta alegria e naquele momento se deu conta da sua importância no transporte das correspondências.
Nunca se esqueceu dessa passagem em sua vida e hoje, aposentado, quando conta aos amigos suas histórias do passado ainda enche os olhos de lágrima.
Foi naquela ocasião que descobriu o verdadeiro significado do amor.
Essa é a pérola do dia.
Pense nisso!
Twitter @alcirchiari
Arrumar emprego dava casamento?....por isso que o indice de desemprego é tão alto!!!!!!srsrsrssrrssrsrsr
ResponderExcluirMuito linda essa história, ainda mais por ser verídica. Imagina as emoções que este homem viveu!!! Muito boa.Adorei.
ResponderExcluirAdorei a história, e me surpreendi que se trata de uma história real. Meu Deus, essa profissão já existiu um dia?
ResponderExcluirSerá que ele fuçava nas cartas naquela época?rsrsrsrs
Olha que interessante...eu nem sabia que o nome dessas pessoas eram "estafetas"...e pensar que nem faz tanto tempo assim que isso aconteceu...lembrar é viver.
ResponderExcluirESTAFETA SEM RUMO
ResponderExcluirSou Andarilho Peregrino
Trem Sem Trilho
Gramíneas Sem Milho
Maquinista Valdevino
Sou Andarilho Peregrino
Com Alma De Aventureiro
Espírito Forasteiro
E Sonho De Menino
Sou Andarilho Peregrino
Cego Romeiro Errante
Perdido De Mim Clandestino
Fugido Da Vida Viajante
Sou Andarilho Peregrino
Garimpeiro De Ilusão
Na Gruta Escura Do Destino
Passarinho Sem Alçapão
Sou Andarilho Peregrino
Destemido Caçador
Adulto Pequenino
Semente De Lavrador
(Marcus Deminco)
Está aí uma breve ilustração da palavra estafeta. Hoje em dia eles foram substituídos pelos carteiros e com certeza nessa substituição foi-se embora a doçura e alegria na qual os estafetas levavam as mensagens aos ansiosos destinatários....
Nossa, depois desta matéria fui até procurar saber melhor sobre a atividade de um estafeta....muito interessante mesmo....Parabéns Alcir, sempre inovando e ensinando os seus leitores...
ResponderExcluirAlcir, muito bacana essa matéria. Nos mostra que há não muito tempo atrás as pessoas valorizavam este tipo de trabalho. O que surpreende é o fato de isto ter realmente acontecido.
ResponderExcluirTambém gostei da história. Olha que realmente é muita responsabilidade para um menino de dez anos.Mas o tempo passou ele se tornou um grande homem e penso que pela história era feliz com o seu trabalho que não era nada fácil, andar por esses morros de Minas a cavalo e com o sol ardendo.... Hoje temos um bendito estatuto que não permite o trabalho para menores de 16 anos, nem por isso as crianças de hoje são mais felizes, nem se tornam adultos melhores. Veja que sendo um estafeta, foi aonde aprendeu o significado do amor.
ResponderExcluirTão cedo aprendeu que se um dia achou seu trabalho menos importante perto de outros, pôde logo observar que não....seu trabalho era muito importante e o valor...ah, seu valor era muito para alguns e TUDO para ela!!!
ResponderExcluirMuito bom o texto Alcir. Eu não sei, mas como sugestão poderia pedir para você fazer uma matéria sobre a copa do Mundo aqui no Brasil? Temos muito ouvir falar em reformas de estádios, em altíssimos investimentos, que por sinal, cada hora aumenta mais o valor...sem contar na confusão que vai virar os aeroportos, etc....gostaria de ver uma pérola neste sentido.
ResponderExcluirOllha só, como aprendemos com esse blog...meu vocabulário está ficando mais requintado rsrsrs...PARABÉNS Alcir! O Pérolas é um blog interessante e diversificado.As leituras são sempre muito divertidas!
ResponderExcluirLígia, obrigado pela sugestão.
ResponderExcluirSábado estarei postando COPA DE 2014.
Que pérola fofa! =)
ResponderExcluirAs coisas estão tão modernas, que quase não há cartas...só correspondências de cobrança e propaganda. Daqui uns anos, acredito, as cartas serão objetos de museu, infelizmente.
E olha que uma carta escrita à mão, tem muito mais valor que um correio eletrônico.