Os doze filhos de Sr Miguel acordaram cedo e foram cada um com sua enxada “duas caras” para roça, era dia de plantio de milho.
Um morro pedregoso, de solo raso, pouco produtivo e de difícil acesso.
Mas as ordens do pai tinham que ser cumpridas a risca.
Passaram o dia todo abrindo covas e semeando duas a três sementes por cova, um trabalho todo artesanal, cansativo e de pouco resultado, pois a área era pequena e de topografia muito inclinada.
(o mais esperto, visionário e ousado), perguntou:
-quanto o Sr pretende colher de milho aqui?
- vinte carros de milho respondeu.
- e quanto custa cada carro de milho?
- setenta cruzeiros (moeda da época) respondeu novamente.
O menino pensou um pouco e rapidamente voltou a questionar:
- vinte carros de milho multiplicado por setenta cruzeiros vão dar um mil e quatrocentos cruzeiros.
“E o que co se qué com essas continha”, perguntou o pai?
É que a família dos “Piloto” estão pagando vinte cruzeiros por dia para colher café, pois a safra deles está muito grande e a mão de obra esta escassa.
Se o Sr nos mandasse para lá prestar serviço, receberíamos duzentos e quarenta cruzeiros por dia e em uma semana já teríamos o valor aproximado para comprar esses vinte carros de milho, sem a espera do ciclo do milho, os riscos com clima e pragas, e ainda poderíamos fazer outras atividades mais lucrativas na nossa propriedade durante esse período.
O pai enérgico deu o sermão.
“Nóis têmo que prantá porque sômo agricultor e precisamô ajudá o Brasil a sê o celêro do mundo em produção de grão”
“Onde ocê pensa que vai chegá com essas continha muleque”?
O menino calou-se, pois sabia que mais tarde iria levar uma coça por sua ousadia em questionar o pai na frente dos irmãos(as).
Sr Miguel era um homem muito rígido e centralizador nas suas decisões e sempre seguiu seus instintos, era um idealista.
Eram tempos de mudanças, condições econômicas eram outras e ele não percebeu.
Dois anos se passaram, as dificuldades financeiras apareceram e se agravaram e ele foi obrigado a vender o sítio.
Os compradores foram os Piloto, uma família de gente trabalhadora, com visão e análise estratégica, onde os filhos participavam das decisões.
O idealismo isolado e sem análise, perdeu para viabilidade econômica.
Unir os dois seria o ideal.
Essa é a pérola do dia
Pense nisso!
twitter @alcirchiari
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Nesse mundo atual, ganha o mais esperto: que sabe melhor raciocinar, aceitar opiniões e coloca-las em prática!
ResponderExcluirAmigão...dessa vez vc se superou.
ResponderExcluirMentalmente já montei umas 3 ou 4
comparações com a realidade baseadas
em sua crônica. Por ex, trocando
a palavra enxada por saveiro, o plantar
milho por "dar" assistência e
colher café por consultoria...
E por aí vai...parabéns pelo texto!!
Abraço
Em tempo...pq 12 filhos e não 14, ou 13?
ResponderExcluirE se fosse 14 filhos, quem seria o filho visionário e ousado???????
ResponderExcluircom certeza seria o mesmo, pois visionários e ousados são raros.
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