quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

PAMONHAS FRESQUINHAS



Os garotos reunidos no meio da rua e separados em dois times jogavam futebol. Uma pedra colocada paralela à calçada delimitava o tamanho de um gol, bem como na outra extremidade do campo, se assim podemos chamar, outra pedra também definia o gol adversário.
“O campo” era sempre em frente à casa dos garotos, nenhum metro à frente nem atrás, evitando afrontar alguns vizinhos mal humorados, afinal, a gritaria e as batidas de bola no portão os incomodavam. Na verdade existia um pacto estabelecido verbalmente entre os vizinhos e os garotos:
- Como os garotos insistiam em jogar futebol ali na rua incomodando-os, caso a bola caísse no quintal de algum deles, seria imediatamente devolvida furada ou totalmente cortada em pedaços. Não havia outro jeito, o risco era iminente, mas até isso fazia parte da brincadeira.
Nos momentos em que passava algum carro, o jogo era interrompido e todos ficavam estáticos na mesma posição, para o reinício logo em seguida ao carro atingir a extremidade do campo.
Entre os veículos que passavam por ali, um em especial incomodava a garotada, era o vendedor de pamonhas:
 “Pamonhas, pamonhas, pamonhas,
Pamonhas fresquinhas, pamonhas de Piracicaba,
É o puro creme do milho verde,
Venha aproveitar”!
Ele sempre fazia questão de parar o carro no meio do campo só para interromper “a pelada” dos garotos. Pura sacanagem; e não adiantava pedir para tirar, pois ironicamente dizia que estava trabalhando e ali não era lugar de jogar futebol.
Adivinhem quem eram seus principais fregueses?
Obviamente aqueles vizinhos que viviam furando e rasgando as bolas.
Por diversas vezes esse fato se repetiu, e os garotos já não suportavam mais a sacanagem e a ironia do vendedor de pamonhas.
Num determinado dia, após interromper o jogo e atender seus clientes de forma bem demorada, entrou no carro, ligou o alto-falante e dirigiu lentamente olhando e rindo com sarcasmo e satisfação para os garotos. Eles, simplesmente mantiveram-se em silêncio.
O vendedor de pamonhas não andou nem cem metros e foi obrigado a parar. Circundou o veículo e detectou:
- Quatro pneus furados; pregos!
Olhou para trás e não viu nenhum garoto.
Coincidentemente, nunca mais se viu aquele veículo naquela rua, tampouco se ouviu o velho refrão:
“Pamonhas, pamonhas, pamonhas,
Pamonhas fresquinhas, pamonhas de Piracicaba,
É o puro creme do milho verde,
Venha aproveitar”!


Essa é a pérola do dia.
Pense nisso!
Twitter @alcirchiari

5 comentários:

  1. hahahaha 4 pneus furados! Teve o que mereceu! Quem mandou ficar atrapalhando de propósito a felicidade dos outros!

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  2. Me vi nessa cena. O Alcir tem mania de escrever a minha história.
    Sinceramente voltei a escrever por influência dele!
    Escreve muito!

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    1. E.T. Me vi nessa cena. E não foi vendendo pamonhas. KKKKKKK

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  3. Era bem isso mesmo; bons tempos.



    Parabéns.

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  4. GOSTEI, ISSO DEVERIA ACONTECER COM TODOS OS INVEJOSOS QUE TENTAM PREJUDICAR O SEU PROXIMO.

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