sábado, 19 de maio de 2012


O ÚLTIMO ADEUS
  
Após o término das aulas, Dona Celina, a mais antiga e experiente professora, estava reunida com as amigas no portão da escola.
Os alunos já haviam saído para suas casas.
A boa conversa e os sorrisos fáceis foram interrompidos momentaneamente pela buzina e os acenos do Sr. Joaquim que dirigia seu "possante", um fusca 1969 azul.
Quinzinho, como era chamado e conhecido por toda comunidade, único vendedor de bilhetes da loteria federal da cidade, estava realizando seu sonho, dirigir e exibir seu carro novo!
Todo empolgado passou buzinando e acenando para as professoras que retribuíram com sorrisos e o tradicional tchauzinho.
Em seguida Dona Celina aproveitou para comentar com as amigas o quanto o Senhor Quinzinho estava feliz com aquela aquisição, afinal, eram vizinhos e ele já havia confidenciado tal alegria.
De repente seu semblante alegre e descontraído foi mudando e um ar de pânico e apavoramento se apossou dela e das demais professoras.
- Olha o trem, cuidado! - disseram em uníssono.
O barulho da pancada somado ao atrito das rodas nos trilhos e o apito do trem se tornaram ensurdecedores.
Quinzinho não obedeceu à sinalização de PARE, OLHE E ESCUTE para atravessar a linha férrea, talvez pela distração e emoção de estar dirigindo seu "possante".
O carro foi arrastado por mais de cem metros até a parada final do trem.
Trêmula e com a voz embargada Dona Celina comentou com as amigas:
- Aquele não foi apenas um tchauzinho, mas sim o último adeus.

Essa é a pérola do dia.
Pense nisso!
Twitter @alcirchiari

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